quinta-feira, 5 de abril de 2007

Escrito nas estrelas




Sorte de hoje: Sua mente é criativa, original e perspicaz



Obrigado por alimentar meu ego sedento de areté!


Não sei o porquê, mas astrologia tem sido um tema recorrente nas minhas conversas nos últimos dias.
Seja nos papos sobre o horóscopo irreverente do Chantecler na piauí, seja discutindo a crença em Destino ou algo do tipo (coisa em que não acredito, diga-se de passagem)...O inusitado chega ao ponto de até um professor indagar meu signo (e fazer uma cara enigmaticamente feia ao saber que sou de Leão).
Esse tipo de discussão encerra um grande problema pra mim. Por um lado, tento manter uma visão holística do mundo, com todos os seus componentes interligados e interagindo, o que admite de forma muito natural (embora, talvez, não racional) a influência dos astros sobre a vida da gente. Só que é difícil conciliar isso com minha concepção de que somos nós quem devemos construir nosso Destino, e que este é fruto de nossas escolhas. Destino é uma idéia platônica demais para ser engolida numa boa. (Idéia platônica chega a ser um pleonasmo pior do que ar poluído...hum, tá bom, foi apenas uma observação pouco pertinente).
Até reconheço que o perfil traçado pela astrologia para cada signo costuma coincidir (sem juízos de valor em relação ao verbo utilizado, okay?) com o perfil das pessoas. Mas daí eu lembro daquela sacada genial dum grande amigo meu: “Humpf...horóscopo...como se só existissem doze tipos de pessoas...”. Tenho que reconhecer a força do argumento dele. Mas talvez haja um meio termo que nos possibilite conciliar as opiniões. Quem sabe se nós considerarmos os 12 signos como tipos puros...tipos ideais mesmo, ou como diria um outro professor, “um instrumental tecnológico que nos serve de ferramental para analisar as situações reais” (juristas e suas teorias para complicar o simples – custava simplesmente dizer que era uma abstração a partir da realidade? Acho que ainda assim está meio complicado, mas voltando...) possamos dizer que existem até mesmo tipos secundários, amálgamas da tipologia padrão.
Nisso eu me encaixo melhor. Tô ali, no último dia de Leão. Quase nasci sob Virgem. Mais pra lá do que pra cá. Saiu isso...alguém que adora ser notado, como típico leonino, mas que, paradoxalmente, é introvertido e fica tímido nas situações em que é notado – como um bom virginiano – . Ora, nada mais difícil de harmonizar do que esses dois caracteres tão discrepantes da minha personalidade, e que tantos problemas costumam me trazer.
Mas essa realidade, com a qual eu admito concordar em parte, só diz respeito ao psicológico dos indivíduos de determinado signo. E quanto às previsões? Será que realmente os acontecimentos estão dispostos numa ordem legível nas estrelas – coisa que eu insisto em não acreditar – ou a sorte não passa mesmo de uma grande roda em que um dia você está por cima e, no outro, está na pior (idéia presente tanto nos Carmina Burana quanto em qualquer música de corno por aí - sem ofensa aos cornos, é claro)?
O que torna uma ciência exata não é o fato de ela nunca falhar, e sim conseguir estabelecer uma margem de erro para seus prognósticos. Imagino que, no que toca à astrologia, apontar as próprias possibilidades de falhar está fora de questão, pois poderia ser um recurso à vagueza para impedir que as previsões fossem refutadas.
No fim das contas, pode ser que Shakespeare – aquele mesmo, o que entendeu tão bem a alma das pessoas de qualquer tempo sem precisar verificar o alinhamento dos planetas para tal – tenha mesmo razão quando escreveu, há não tão exatos quatrocentos anos, que há muito mais entre o céu e a terra do que supõe nossa filosofia. Por mais que se pense a respeito, qualquer conclusão não vai passar disso: suposição.

Notas ao rodapé:
1- Como se sabe, a sorte de hoje reproduzida no começo do texto saiu no famigerado horóscopo do orkut. Um dia falarei mais sobre ele.

3 comentários:

Anônimo disse...

É,Leo...
Astrologia,Horóscopos,Mapas Astrais.
Acreditar ou não?Não sei,por mais que tentemos dissecar o funcionamento dessa ciência,racionalmente,no limite,trata-se de uma questão de fé. Eu mesmo recebo um horóscopo por e-mail(muito bom,aliás,repasso depois pra vc!hehe)e é assustador algumas vezes:Parece que realmente eles sabem o que vai acontecer cmg!
Apesar de ler e, de certa forma,até tomar como guia, acho que a Astrologia funciona porque queremos que funcione:É bem simples,trata-se de uma forma quase mágica(ler os astros) de tomar as rédeas do Destino. É uma questão de poder - Mesmo sabendo de nossa incomensurável insignificância diante do universo,ainda temos chance de conhecer o que está por acontecer e assim ter controle do próprio Destino e do universo.
Não sei se existem 12 tipos de pessoas...Talvez seja muito menos do que isso. Acho que a contingência é que nos individualiza,além das nossas pré-disposições. Somos o vir-a-ser.
Fora isso,somos muito parecidos,ainda que totalmente isolados uns dos outros,por mais próximos que estejamos.=/
Ler o horóscopo é tentar se sentir um pouco mais amparado pelo Universo e pela Vida(Existência), que são totalmente indiferentes à tudo. Eu acho. É querer sentir-se de alguma maneira umbilicalmente ligado a um sentido de ser (e do Ser)... E aí mora a hybris:Só nos foi dado viver,conhecer a vida ou sobre o seu funcionamento é questionar a ordem olímpica e as môiras não tardarão a fazer prevalecer a Justiça dos Deuses. É o Fausto dentro de cada um de nós...E,digamos,ele não se dá muito bem no final da história.
O que nos resta é a suposição.Ainda bem!
Qual não seria a tragédia de tudo saber e se ver impotente diante da inexorabilidade do Fado?
Fé e Poder...
Ilusões de liberdade que nos prendem à Terra - Ainda bem...

Desculpe por me alongar,mas com um texto bem escrito como o seu me permiti viajar hahahaha
Muito bom o blog!
Abração!

Bianca Hayashi disse...

Sem querer te decepcionar... mas temos influências de nossos ascendentes, do Sol e da Lua e do diabo-a-quarto no nosso horóscopo. Claro, sem contar na influência da numerologia e o Feng shui (chui? o.o).

Ok, já viu qual a minha opinião sobre o assunto, né? :P

O importante é que Plutão deixou de ser um planeta.

Leonardo Passinato disse...

No sistema solar, Plutão sempre foi um caso à parte...literalmente xD
Agora, quanto à astrologia mesmo, to tentando formar minhas convicções,hehe...