sexta-feira, 8 de maio de 2009

anedota cotidiana

L. digitava freneticamente. Diante de si, a mulher relatava todos os sofrimentos pelos quais vinha passando, o que fazia o jovem se sentir um tanto pesado. Mas ele não podia parar, ainda havia outras pessoas para atender, e naquele dia ele não poderia de modo algum sair de lá depois do horário...

Mas a mulher de meia idade que estava com ele na sala olhava fixamente para L., como se houvesse outra coisa que chamasse sua atenção, e que, por um instante, se deslocasse da realidade que a levou até ali. Isso perturbou L. Ele não gostava de ser estudado ou observado. Estava ali para fazer a sua parte, apenas isso, repelindo qualquer coisa que pudesse desviá-lo de suas funções.

- Você é advogado?
- Estagiário (bom, todos sempre perguntam... vai ver um advogado passa mais segurança mesmo... não que eu necessariamente concorde)

Após algum tempo...

- Desculpe-me, mas...
- Sim?
- Você tem mãos muito bonitas.

L. continuou escrevendo, apenas um sorriso, não daria muita importância àquilo, pois tinha pressa.

- Sabe de uma coisa?
- O quê?
- Desde que eu estava aguardando lá fora e te vi chegar, percebi que você se parece muito com meu irmão, quando ele era mais jovem, sabe...

L. esboçou o mesmo sorriso de antes. A mulher se perdeu em lembranças, pensando alto....Voltou-se para L., fitou-o por mais um bom tempo, em seguida dizendo:

- Olha, é muito charmoso, viu?

L. parou. A mulher fitava-o fixamente. Sem saber o que dizer, esboçou:

- Hum...obrigado!

E voltou a digitar

e a mulher


- eu falava de meu irmão.