sábado, 3 de maio de 2008

intrigado

Hoje eu gostaria de postar algo bem sucinto, que eu teria acrescentado em algum post anterior, caso não houvesse esquecido de fazê-lo. Diz respeito a uma entrevista que me chamou a atenção.

Diante do conteúdo de muitos dos meus textos, com certeza alguém deve pensar que eu sou meio obcecado com a temática da morte, o que não é verdade. O que me intriga é a reação das pessoas frente a essa questão que, assim como algumas outras grandes questões da vida (das quais eu também tento tratar aqui), revelam muito daquilo que o ser humano prefere silenciar, quando não acabam servindo mesmo de motor para as coisas que o homem faz.

Enfim. Faz já algum tempo. Eu estava assistindo ao Globo Esporte. Devia estar muito entediado para assistir aquilo, porque eu tenho uma birra com programas esportivos em geral, pois eles socam futebol e Fórmula 1 o ano inteiro e, com algumas exceções, só se lembram de esportes "menores" (e não tão bem patrocinados, diga-se) quando o Brasil tá em final olímpica ou algo do tipo (alguém aí ouviu falar em Tae Kwon Do depois do Pan?).

Certo. Como eu dizia, estava assistindo ao Globo Esporte. Eis que passou uma entrevista com uma nadadora cujo nome infelizmente não retive, e que sofria algum tipo de doença degenerativa que, até onde pude entender, invariavelmente a levaria a um estado vegetativo e daí à morte. No entanto, ela continuava nadando, a despeito das dificuldades cada vez maiores, o que é, sem a menor dúvida, louvável e até mesmo exemplar.

Qualifico assim a atitude dela porque acho que a gente reclama muito da vida. Vivo dizendo às pessoas que temos que ser mais otimistas, que por mais que elas não queiram ver, nossas vidas são iluminadas e que o problema muitas vezes é conseqüência de nossas bobagens mesmo. Mas o ponto não é esse.

O que me chamou a atenção, de verdade, foi uma frase que ela disse e que passou despercebida na matéria... ou pelo menos foi extremamente sutil. Ela disse algo do tipo:

"... é muito duro estar aqui sem nem ao menos saber quando morrerei"

Na ocasião eu fiquei realmente espantado com essa frase. Talvez até de forma desproporcional, dado o contexto em que ela foi proferida. Só o que me ocorreu foi:


"e alguém sabe?".

5 comentários:

Nefelibata disse...

Hahaha, pois é, quem é que sabe? XD

É, amigo... essa nadadora é louvável, chega a parecer um sonho de tão determinada. Mas essa frase que soltou nos mostra que ela é ainda ser humano, e nessa condição, tem o que aprender.

Anônimo disse...

É, queridos... quem sabe? E, se soubessemos, será que viveríamos diferentemente?

Menos "dramático", mas considero tão tocante quanto é o caso de um atleta (Oscar Pictorius - acho) paraolímpico que luta para poder competir em uma Olimpíada "normal". Ele diz que não tem vantagem alguma e não vê empecilhos para correr como um atleta comum (o que já faz em seu país, África do Sul). Neste ano, correrá pelas Paraolimpíadas, mas e na próxima? Ele se considera comum, por que a gente tem que julgar e dizer que não?

Todos esses exemplos me fazem pensar no quanto a gente não leva em consideração o que é um ser humano. A impressão que tenho é que vivemos em constante pressão e começamos a nos tornar máquinas, botões a serem apertados e jogados fora quando não mais úteis. Não queremos nos superar, apenas ser a média. Triste...

A gente reclama de barriga cheia.

Ivan Yukio disse...

Não gosto quando começam a fazer pessoas nessas condições parecer como santas. Não estou diminuindo ela em nada, pelo contrário, acho que ela devia ser mais exaltada pelo talento do que pela doença.

E "e alguém sabe?". Tem gente que "sabe"...

dmariano disse...

Paranormais dizem que sabem quem vai morrer no ano, todos os anos, no gugu..xD~~

Bem, força de vontade que ele tem é grande e exemplar.
Mas acho que por trás da frase dele está o seguinte questionamento: "Por quanto tempo "viverei" após a doença chegar em seu pico e não puder mais fazer oque gosto?"

Saber quando morreria seria melhor do que receber exames médicos que digam que você estará em um estado vegetativo daqui alguns anos.

Nefelibata disse...

Ivan sabe de algo que não sabemos...?

Quanto ao DJ, eu gostaria de poder tocar meu próprio réquiem, como já disse em uns posts no passado.